Análise do jogo Barcelona vs Paris Saint Germain do dia 10/04/2013

UEFA Champions League UCL 2012/2013 Análise comentários do jogo

Análise do jogo Barcelona vs Paris Saint Germain, do dia 10/04/2013,confronto válido pelas quartas de final de UEFA Champions League 2012/13. Se quiser ver a análise do jogo de ida clique aqui.

Por: André Salgueiro Lima

INTRODUÇÃO AO JOGO


Entre os quatro duelos das quartas de final da UCL 2012/13 esse é o mais forte, na minha opinião, Paris Saint Germain e Barcelona eram favoritos para chegar até o fim e até vencer a competição, mas com esse enfrentamento, apenas um deles poderá seguir adiante na competição. No jogo de ida o Barça foi até Paris e conseguiu o placar de 2-2, bom resultado considerando os gols marcados fora de casa, foi com essa vantagem que começaram este jogo decisivo, dessa vez em sua casa o Camp Nou.

O time da casa sofreu alguns desfalques, não podendo contar com Puyol (por lesão) e Mascherano (suspenso), o jeito foi improvisar o coringa defensivo Adriano na zaga ao lado de Piqué, nas laterais jogaram Daniel Alves e Jordi Alba, e no ataque o maior dos desfalques, Messi era dúvida e ficou no banco de reservas, no seu lugar atuou Cesc Fábregas, junto de Pedro e David Villa.

Pelo lado do Paris Saint Germain houveram mudanças no meio-campo, em vez de Matuidi e Beckham, jogaram Thiago Motta e Verratti, de resto, mantido o mesmo time do primeiro jogo.


ANÁLISE DO JOGO

O esporte não modifica o caráter, ele o revela.

É indiscutível que o Barcelona esteja hoje entre os melhores times de futebol do mundo, pode até ser o melhor, mas nem tudo são flores, nem tudo são virtudes, existem vícios e defeitos neste grande time, que também é formado por humanos, não por super heróis que às vezes parte da mídia tenta transformá-los, são apenas humanos, e como tal possuem virtudes e falhas, tanto dentro do jogo como a nível pessoal.

Com aproximadamente 5 minutos de jogo o Paris Saint Germain tinha uma falta a seu favor, que seria cobrada na zona de sua grande área, o zagueiro Thiago Silva foi realizar a cobrança, ele nitidamente escorregou, caiu e tocou na bola, dessa forma colocando-a em jogo e pelas regras ele mesmo não poderia tocar na bola em sequência, de imediato, Cesc Fábregas deu um pique e correu para pegar a bola aproveitando o acidente, Thiago se levantou e cometeu uma infração ao chutar novamente a bola, e com isso foi dada a falta para o time do Barcelona.

Então? onde está o Fair Play? fair play não é apenas jogar a bola para fora de campo para um jogador ser atendido, o jogo limpo nos traz uma idéia de cavalheirismo, caráter, coisas que muitas vezes passam longe de alguns jogadores do Barcelona no seu comportamento em campo. Isso já não é de hoje, nos últimos anos o time catalão tem aparecido como um campeão na bola e um campeão no teatro, com jogadores que fazem atuações dignas do Oscar, caem no chão ao receber um toque nas penas ou peito (às vezes nem sequer sendo tocados) e levam as mãos ao rosto como se tivessem sido agredidos, mentira! trapaça!

Taticamente esta partida teve três momentos diferentes delimitados por cada gol.

O primeiro momento, enquanto o jogo estava em 0-0 demonstrou a essência da forma de jogo que estas duas equipes utilizam habitualmente, o Barcelona marcando com pressing desde a grande área do adversário, e com a bola tentando trabalhar as jogadas lentamente com seus passes até aparecerem as brechas, enquanto o PSG marcava atrás da linha da bola evitando deixar espaços vazios em seu campo defensivo, e na organização ofensiva manteve a objetividade, valendo-se das qualidades do seu quarteto ofensivo: Lucas, Pastore, Lavezzi e Ibrahimovic.

Verratti é um excelente jogador, bom no desarme e na organização defensiva, porém, não se posicionava de forma inteligente defensivamente, o mesmo se pode dizer de Motta, ambos cediam espaço demais no meio-campo (recuando a cada passo avançado pelo portador da bola do Barcelona), também não faziam a flutuação defensiva de forma correta, o PSG deve ter sentido a falta de Matuidi.

Apesar do controle da posse de bola e de conseguir ganhar espaço em campo, a equipe do Barcelona ainda tinha muita dificuldade para vencer a última linha defensiva do PSG, neste dia, Maxwell, Alex, Thiago e Jallet estavam bastante concentrados e impediram que o Barcelona conseguisse criar uma chance nos pontos onde efetivamente conseguem marcar seus gols (dentro da área), as melhores oportunidades vieram com chutes de fora da área, com Xavi cobrando falta, entre outros chutes de média distância.

Quando conseguia controlar a boal e iniciava sua organização ofensiva o time de Paris mostrava um belo futebol, principalmente quando o "quarteto" conseguia se aproximar uns dos outros, com a bola no chão, valendo-se de passes curtos, dribles curtos e velocidade eles conseguiam avançar, Xavi e Iniesta possuem habilidades incríveis, mas não quando se trata de desarmar adversários. O quarteto criava e chegava a área do Barça mas sempre altou algo, mais pontaria nas finalizações de longe de Lucas e Lavezzi, se um passe se pastore tivesse sido ligeiramente mais curto teria deixado Ibra de frente para Valdés, uma cabeçada de Lucas foi brilhantemente defendida pelo próprio, Lavezzi teve uma chance em que chutou sendo incomodado pelo defensor e não conseguiu o gol, enfim, ainda que chegasse, sempre faltou alguma coisa.

Essa coisa que faltava finalmente apareceu aos 5 minutos do segundo tempo, quando Pastore recebeu a assistência de Ibra e tocou com classe na saída de Valdés, marcando 1-0, resultado que classificaria o PSG.

Com o gol entramos no segundo momento do jogo, e ao mesmo tempo, Messi longe de seus 100% começou a aquecer e minutos depois entrou em campo no lugar de Fábregas, o Barcelona muda de atitude, Daniel Alves que estava muito "tímido" nas subidas ao ataque passou a aparecer com frequência no último terço do campo, o time francês que já era solidário nas funções defensivas ficou ainda mais focado nesse sentido, por vezes víamos Ibrahimovic recuando até a intermediária para fazer marcação, mas também não abdicaram do contra-ataque.

Esse foi o momento do jogo em que alguns comentaristas começaram que davam o Barcelona como favorito indubitável começaram a colocar justificativas esfarrapadas, e injustas para explicar a eventual eliminação do time catalão, a verdade é que estavam diante de um adversário muito duro.

O Paris Saint Germain tinha armas ideias para vencer o Barcelona atacando em seus pontos fracos, teria a velocidade de Lucas, Gameiro e Lavezzi para explorar um contra-golpe diante da linha defensiva avançada do Barça, teria também bons cabeceadores Ibra, Alex, Thiago Silva, que poderiam explorar a reconhecida fragilidade dos jogadores do Barcelona na jogada aérea, também possuem uma das melhores duplas de zaga do mundo, capazes de lutar e resistir a um "one by one" contra Messi, possuem talentosos dribladores provenientes da América do Sul: Lucas, Lavezzi, Pastore que facilmente passam pelo meio-campo catalão. Apesar de tudo isso, esse foi novamente um dia de Barça, um dia de alegria no Camp Nou.

Com 26 minutos do segundo tempo o time catalão estava em organização defensiva, trocando passes e buscando a abertura para a finalização adequada, contra uma organização defensiva muito focada, durante todo jogo, o Barcelona finalizou 23 vezes, a maioria dos chutes fora da posição ideal foram para fora, e muitos outros foram bloqueados pelos defensores, apenas 2 chutes tiveram a direção do gol, um deles foi defendido por Sirigu, o outro... Foi a finalização de Pedro que ao receber o passe recuado de David Villa estufou a rede marcando o gol decisivo.

Messi foi decisivo no gol do Barcelona, ele avançada pela intermediária, Verratti estava em seu caminho e Motta se aproximou para ajudá-lo, Messi acelerou tomando a frente de Verratti, e fintando Motta, deu o passe para Villa, em seguida, o prodígio argentino deslocou-se para a direita do ataque e levou com ele a marcação de Motta que tentou acompanhá-lo e atraiu Thiago para si, Villa também foi inteligente e recebeu o passe já se deslocando para onde estavam Alex e Jallet depois apenas precisou recuar para Pedro que tinha ângulo e espaço perfeitos para a finalização.

O placar de 1-1 colocava o Barcelona novamente no caminho da classificação, precisando para isso apensa manter o resultado, entramos no terceiro momento do jogo, restando cerca de 20 minutos de partida. E o Barcelona resoltou mostrar um pouco do que tem de melhor, e um pouco do seu pior.

O seu pior: jogadores caindo e se contorcendo no chão, fingindo terem sido atingidos na face, cavando faltas que não existiram...

E o seu melhor: A capacidade de controlar a posse de bola, fizeram que tudo para que o seu adversário não conseguisse desenvolver o jogo no tempo restante, tocando bola de jogador a jogador com bastante cuidado, protegendo a bola utilizando o corpo, dando as costas para seu marcador, nessa situação é realmente difícil de fazer algo, o time de Paris se viu com muitas dificuldades.

Para piorar o time catalão estava consciente da importância de defender, aproveitou-se da grande distância entre as linhas de ataque e meio-campo do seu adversário e facilmente conseguia cercar os homens de ataque do adversário, o time francês foi pouco inteligente nos minutos finais, tentando a ligação direta com lançamentos aéreos, quando estes não eram interceptados a bola era facilmente roubada considerando a vantagem numérica de jogadores, pois as linhas de meio-campo e defesa do Barcelona ficavam muito próximas.

Nos 10 minutos finais Gameiro entrou no lugar de Lavezzi, a troca de um atacante por outro nessa situação não me pareceu a melhor escolha, ainda que Lavezzi já estivesse fatigado, no meio-campo Verratti deu lugar a Beckham outra substituição duvidosa, Verratti chega mais ao ataque e é bom passador, Beckham tentou forçar lançamentos altos que não funcionavam, por fim, a troca de um lateral por outro, Jallet por Van der Wiel, creio que Carlo Ancelotti não foi bem. Por outro lado, o Barcelona de Tito Vilanoa sem vergonha de se defender colocou Song meio-campo de características defensivas no lugar do atacante Villa.

Incapaz de de organizar e manter a bola consigo o Paris Saint Germain viu o tempo se esgotar e com ele a sua chance de estar entre os quatro "melhores" times europeus da temporada, eliminados pelo gigante Barça.

CONCLUSÃO - ANÁLISE DO RESULTADO


Quando o sorteio designou o duelo de Paris Saint Germain e Barcelona muitos acreditavam que seria fácil para o time espanhol alcançar a semi final, uma grande mentira, a equipe francesa demonstrou estar em condições de enfrentar qualquer time de alto nível, na análise do jogo anterior eu disse que os duelos contra o Barcelona eram o teste final do PSG para se mostrar como um time do topo, apesar da derrotada eu acredito que este time provou aquilo que é capaz, e indo além, essa ainda é a primeira temporada deste super PSG que tem potencial para ficar ainda mais forte com o amadurecimento do time.

O Barcelona nos lembrou mais uma vez que não podemos duvidar das suas capacidades, o time que impõe a sua forma de jogar e domina o oponente, impiedoso, frio, e muito eficiente, ainda mais forte jogando em sua casa e deixando dezenas de milhares de torcedores encantados, vibrando pela vitória no Camp Nou.

Na temporada passada o Barcelona caiu na semi-final contra o Chelsea, nesta temporada a adição ao time foi o lateral esquerdo Alba, além do reserva não muito usado Song, o time está muito entrosado e tem Messi em uma temporada incrível quebrando recordes e mais recordes, será difícil parar esse time.

E ainda podem fazer a piadinha: PSG? Paris Say Goodbye.

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