Algumas
razões para não usar o sistema tático 4-2-3-1
Podemos observar que
durante a história e evolução do futebol vários sistemas táticos
estiveram “em alta” em momentos determinados, atualmente o
sistema tático conhecido como 4-2-3-1 é o mais utilizado entre os
clubes de maior visibilidade ao redor do mundo, incluindo, os clubes
brasileiros.
Esse artigo é uma
crítica, mas ao contrário do que pode parecer, a crítica não é
voltada para o posicionamento tático que, diga-se de passagem já
provou ser bastante eficaz, essa análise crítica é destinada aos
técnicos de futebol que “forçam” a utilização desse sistema
tático independente do quadro em que está envolvido.
Por: André Salgueiro Lima
Antes de mais nada,
vejamos como é o sistema tático conhecido como 4-2-3-1, observe a
imagem abaixo que demonstra um exemplo da disposição posicional dos
jogadores.
Utilizando retângulos
para visualização dos setores do campo podemos observar de forma
ainda mais clara que trata-se de uma organização estrutural que
conta com 4 jogadores na defesa, 5 jogadores no meio-campo e 1
jogador no ataque.
Dessa forma, podemos
afirmar que o 4-2-3-1 é uma variação do 4-5-1.
Alguns analistas e
comentaristas não gostam ou não se adaptam a utilização de mais
de três números ao referir-se a um sistema tático, seria uma visão
fundamentalista, ao considerar que existem apenas três setores no
campo (defesa, meio-campo e ataque), logo, a referência ao sistema
tático somente pode incluir três dígitos. Eu particularmente, não
me oponho ao uso dessa terminologia.
Esse não é um artigo
para mostrar uma análise profunda dessa organização estrutural, em
outro momento veremos uma sondagem mais atenciosa sobre as variações
táticas e diversas opções que esse sistema tático possibilita.
A
crítica contra a utilização massificada do sistema tático 4-2-3-1
De fato, esse
posicionamento tático já demonstrou e continua demonstrando a sua
eficácia, alguns dos maiores clubes do mundo utilizam-no, podemos
citar Real Madrid e Bayern de Munique como exemplos. Não há dúvidas
sobre sua eficácia, o problema é que nem sempre o treinador de
futebol terá a sua disposição as condições ideais para aplicar o
4-2-3-1.
Esse erro pode ser visto
em treinadores de times do mundo todo, mas a crítica é voltada
especialmente para os treinadores brasileiros.
Vejamos algumas das
razões que demonstram o erro desses técnicos que querem forçar a
aplicação desse sistema quando essa não é a sua melhor opção:
- O fato do 4-2-3-1 funcionar incrivelmente bem em um time não significa dizer que funcionaria bem em todos, considere que cada time dispõe de um plantel diferente de jogadores.
- Usar um sistema tático que está na moda não dá vantagem nenhuma ao time, o sucesso pode ser obtido através de variados caminhos, isso é, variadas opções táticas.
- O treinador que entra em um grande clube deve respeitar a sua história e a cultura tática daquele time, aquilo que faz a torcida se identificar e amar o clube.
- Não é o time que deve se adaptar ao sistema tático, é o sistema tático que deve ser escolhido com objetivo de maximizar aquilo que o time tem de melhor, principalmente quando o clube não vive numa boa situação financeira.
- O papel do treinador é aplicar da melhor forma possível aquilo que o clube tem de disponível, em muitos casos, forçar a utilização de um sistema tático acaba por anular alguns talentos do clube, em alguns casos, jogadores acabam sendo dispensados ou negociados porque supostamente “não se encaixariam dentro do esquema”.
- Individualmente, os jogadores precisam de algum tempo para habituar-se a um tipo de jogo, coletivamente, o tempo para adaptar-se a um sistema tático diferente é ainda maior. Isso se aplica principalmente aos treinadores que caem de paraquedas em um time e resolvem mudar todo modo de jogo do time do dia pra noite.
- Aquilo que vem da Europa não é necessariamente melhor do que o que temos no Brasil. O futebol brasileiro é penta campeão mundial, então, qual o sentido de copiar tudo que os europeus estão usando taticamente?
Talvez alguns desses
técnicos de futebol estejam na carreira errada, já que estão muito
atentos as tendências, ao que está na moda na Europa e se preocupam
em copiar estilos. Aliás, ao menos os profissionais que trabalham
com moda se preocupam em adaptar o estilo conforme a pessoa,
valorizando o que elas tem de melhor.
A semana da moda de Milão é um dos principais eventos de moda do mundo. No futebol, quem anda ditando as tendências da moda atualmente é a Espanha.
Ressaltando mais uma vez,
o 4-2-3-1 é um excelente esquema, a crítica desse artigo visa apenas
afirmar que em muitos casos, outras opções de sistemas táticos são
mais viáveis dentro do contexto do time.
A mesma crítica pode ser
apontada quando um treinador força a utilização de qualquer outro
sistema tático quando existem opções melhores para aquela
situação.
Ao que me parece, muitos
dos treinadores que estão no comando de tradicionais clubes
brasileiros não mereciam estar aonde estão. Ganhando salários
muito altos para apresentar um trabalho tão pouco profissional,
fraco e limitadíssimo.
Até quando vamos
assistir a essa dança dos técnicos? São sempre os mesmos nomes,
indo e voltando dos grandes clubes, sempre os mesmos discursos,
metodologias, a mesma falta de profissionalismo. Já não é hora de
uma renovação no quadro de treinadores de futebol no Brasil?
Olá André!
ResponderExcluirConcordo com o teu artigo...eu comecei a prestar atenção nesse esquema a partir da Copa de 2010, na qual a Alemanha usava o 4-2-3-1 com os jovens meias Muller, Podolski e Ozil e o centroavante Klose. Creio que depois dessa copa que esse esquema se popularizou mais ainda.
No começo eu achava muito melhor do que penso hoje. Com o passar do tempo os adversários vão aprendendo como se defender desse tipo de esquema. Encaixando bem a marcação é possível isolar os meias que jogam pelos lados (camisas 8 e 10 do teu exemplo) para as extremidades do campo, fazendo com que estes percam o espaço para triangular com o meia central ou fazer a bola chegar ao centroavante. No time do Chelsea, por exemplo, não havia jogada de qualidade pelo chão entre Moses, Mata e Hazard com o Torres. Tanto Moses como Hazard tentaram apenas na individualidade entrar na área muito bem protegida pelo Corinthians. Os Blues até tiveram chances claras de gol, que foram de sobras de jogadas de bola aérea (as duas defesas a queima roupa de Cássio) e uma na individualidade do Moses (defesa do Cássio com a ponta dos dedos).
Igualmente concordo com sua análise.
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