Os 7 x 1 que levou a Seleção é o reflexo do Brasil.

Por: Paulo Pimenta Machado

Pensei muito antes de escrever esse texto por que sei o quanto brasileiro se atinge com futebol. Seja pelo seu clube ou pela sua nação. O Brasil acordou anestesiado da surra que tomou da Alemanha no jogo de ontem (8 de julho de 2014) assim como acorda todos os dias as cinco da manhã, disposto a encarar a rotina de seu cotidiano. 

Imagem que reflete a disparidade da nossa sociedade.
Imagem que reflete a disparidade da nossa sociedade.



Mas vamos por partes.
Na história, o brasileiro é um povo que passou por um processo de miscigenação muito grande, devido à desorganização inicial que ocorreu com o país desde sua "descoberta". Sendo inutilizado e absorvido ao máximo durante dois longos séculos. Tudo que não servia para os europeus vinham ao Brasil, e os bens mais preciosos eram exportados para fora. Após a chegada da corte - fugindo do exército napoleônico - o Brasil começou o seu processo de desenvolvimento urbano. Nessa mesma linha, as disparidades sociais só aumentaram e a desorganização perambulou solta assim como fora há alguns anos antes. O Brasil era refém de Portugal, da mesma forma que Portugal era refém da Inglaterra. O crescimento era inevitável, mas a dívida ecoava em gigantes proporções.

Em paralelo a isso chegamos ao futebol. Esporte que agarra as grandes periferias desde suas primícias? Errado. O Futebol chegou ao Brasil em 1894 por Charles Miller e pode ser considerado um esporte de brancos. A aristocracia dominava os esporte e apenas em 1920 os negros começaram a ser aceitos. Após a massificação, a paixão era mútua e todas as classes amavam o esporte. Sentimento que cresceu mais ainda após a Era Vargas, que trouxe a Copa do Mundo de 1950 e construiu um templo chamado Maracanã. Os três primeiros títulos foram frutos colhidos dessa massificação e do pós de decepção da Copa perdida no Brasil.

Em 2014, enxergamos uma Copa do Mundo totalmente diferente da nossa realidade. Estádios construídos a preços exorbitantes, alguns vistos em cenários deploráveis e poucos elefantes brancos que serão enferrujados assim como as escolas e hospitais que padecem de melhoria. Entretanto, a demanda dos hospitais e escolas é descomunal perto da demanda de estádios como os de Brasília, Amazonas e Cuiabá, onde o futebol culturalmente não há tanta expressão para manter-se em longo prazo. Sem falar os outros problemas sociais.

O fracasso de ontem representa tudo isso que foi transcrito acima. O Brasil começou errando desde 1986, quando a Liga Brasileira começou a perder força e a Seleção começar a ser montada com jogadores que atuam em sua maioria na Europa. Isso se deve a falta de estrutura e mau planejamento na gestão dos clubes de futebol. Depois, atribuo o erro aos Cartolas da CBF, que apesar de terem feito um bom trabalho em termos estruturais, deixaram muito a desejar no futebol Brasileiro. Coincidência ou não, trouxeram um treinador que seu último trabalho tinha sido um rebaixamento pelo Palmeiras. Ultrapassado, Felipão parou no tempo após a Copa de 2006. É como se sua vida estivesse resolvida, e a partir daquele momento o que viesse seria lucro. A arrogância foi testemunhada na entrevista coletiva de hoje, no qual ele disse que houve um bom trabalho. Que bom trabalho é esse que só conseguimos tirar proveito de 2 ou 3 partidas, apesar das vitórias?

Além disso, o grande responsável do Brasil foi a preparação. Repleto de câmeras, mídia, patrocinadores, treinos leves e principalmente arrogância do "já ganhou". Preparação aquela que estamos empurrando com a barriga, de um país que precisa melhorar. Futebol é entretenimento, para algumas nações é vida ou morte, para nós brasileiros é muito mais do que isso. A mudança deve ser feita, e é preciso de alguém que traga idéias novas e saia do pragmatismo. Assim como no nosso país. A mudança não pode ficar pra amanhã, tem que começar agora!

Twitter: @PaaulinhoP

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe seu comentário